segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Os tarzans da mídia

É inacreditável ouvir e assistir os noticiários destes tarzans da mídia que atuam no ramo policial. Discutem, gritam, exigem justiça... Na verdade, exigem linchamento. Eles vociferam ódio contra a classe pobre e querem que a polícia os mate sempre quando um deles estiver envolvido em algum tipo de criminalidade. O ódio destes tarzans nesta semana foi destinado com a decisão do Senado Federal em evitar que projetos que rebaixam a idade penal para 16 anos passasse. 
Eles espumavam de ódio. Chamavam os senadores de todos os nomes, como se fossem santos. Na verdade, estes aproveitadores da desgraça alheia, como o José Luís Datena, da Bandeirantes, que ganha milhões para apresentar um lixo, se locupletam com o sofrimento das pessoas. São pessoas desprezíveis, que não merecem respeito. Dá nojo destes apresentadores que vivem às custas do sofrimento alheio. O inferno é pouco para eles. 
Pois bem; estes tarzans, na verdade, querem penalizar meninos e meninas na faixa dos 16 anos sempre que algum deles estiver em criminalidade. Eles não defendem, por exemplo, que os agentes públicos construam obras que ofereçam uma perspectiva de vida para estes jovens. No caso de Assis, comoexemplo, jovens de todas as idades são presas fáceis da criminalidade porque moram em bairros periféricos e são cooptados principalmente pelo tráfico de drogas. 
Por que não cobram do prefeito Ricardo Pinheiro, do PSDB, que construa uma vila Olímpica na vila Progresso ou no jardim Eldorado que ofereceria as condições destes meninos e meninas desenvolverem suas aptidões e vislumbrar um futuro melhor. 
Entretanto, preferem que seja rebaixada a idade penal por terem ódio contra a classe pobre porque pertencem a uma elite nojenta que mora em condomínios fechados e quer o linchamento daqueles que pertencem a uma classe pobre. Está na hora da sociedade progressista se unirem e denunciarem tais trogloditas. Mostrar à população que estes tarzans que urram em seus horários de programa querem o pior do mundo para seus filhos. 
E fazer com que a população boicote tais programas porque verdadeiros lixos. E lugar de lixo é no lixo. 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Azeredo e a farsa do Mensalão

Com a renúncia do mandato do deputado federal Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas Gerais, ele consegue a grande chance de escapar do julgamento no STF e ser transferido automaticamente para a primeira instância. Se isso ocorrer - até o ministro Roberto Barroso admite a possibilidade - será o fim da farsa de que a Justiça iria dar tratamento igual para denúncias iguais. 
Eduardo Azeredo passará a ter direito, agora, a um duplo grau de jurisdição, em Belo Horizonte. Mas, na capital mineira, o processo sequer terminou a fase inicial. As testemunhas não foram ouvidas, a defesa não apresentou suas alegações nem o Ministério Público apresentou a denúncia. E quando tudo isso for feito, quem for condenado terá direito a segunda instância. Quando isso vai acontecer? Ninguém sabe e particularmente acredito que nunca. 
Mas tudo mundo, por exemplo, que a farsa do mensalão do PSDB-MG chegou ao STF dois anos antes do que a denúncia contra os petistas. É o absurdo jurídico na forma de fratura exposta. Mas há responsabilidades por isso. Em agosto de 2012 o STF negou, por 9 votos a 2, que os réus da AP-470 tivessem direito ao desmembramento. Meses antes, os ministros asseguraram o desmembramento aos réus do mensalão do PSDB-MG. 
A desigualdade nos direitos dos réus foi definida ali e era só uma questão de tempo que mostrasse sua utilidade. Dois pesos, dois mensalões dos réus, escreveu o brilhante jornalista Jânio de Freitas, na época. No mesmo dia, há seis anos, foi dito que esse tratamento desigual teria um efeito duradouro sobre o julgamento. Claro que teve. Garantiu a impunidade de alguns e a pena máxima, agravada artificialmente, de outros. A maioria dos réus do mensalão do PSDB-MG já usufrui desses direitos negados aos condenados pela AP-470. A desigualdade, a diferença, já foi estabelecida. 
Determinados ministros do STF  - com Barbosa e Mendes à frente - a partida de Azeredo pode ser um alívio. Uma coisa foi aplicar a Teoria do Domínio do Fato contra Dirceu, Genoíno e Delúbio, sob aplausos dos meios de comunicação. Ali era possível falar em "flexibilidade" das provas, em condenar réus enquanto se mantinha, em caráter sigiloso, documentos e testemunhas que poderiam ser úteis em sua defesa. 
A farsa pode estar se acabando com a decisão de Azeredo para escapar do STF, em uma manobra muito bem feita. E demonstra que o deputado Azeredo realmente não é um homem de convicções. Jamais poderia ter se aceitado a sua renúncia. Não foi homem o suficiente para enfrentar a acusação que a Procuradoria Geral da República lhe aponta, de chefiar um esquema de desvio de dinheiro público conhecido como "mensalão mineiro". 
Ele já fora despido de sua defesa por Aécio Neves e pela direção do PSDB que vinha lhe pressionando. Não apresentou sua defesa na Câmara, como compete a um deputado. Azeredo nem precisou do julgamento do STF, que não acontecerá mais, ou mesmo da chacina da mídia, como fizeram com os petistas. 
Ele foi condenado pelos próprios pares, que lhe concederam apenas uma única honra. Vai renunciar ao mandato como faziam os oficiais da Wehmacht de Hitler, quando recebiam, por ordem do Fuhrer, a pistola Luger embalada para dispararem contra suas próprias cabeças. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Tucanos, MP, Justiça e um jornalista em MG

Um absurdo vem acontecendo em Minas Gerais, e os defensores da "liberdade de expressão", que na verdade é a "liberdade dos patrões", se calam. Você não vê uma notícia nos grandes meios de comunicação, ou naqueles tradicionais, sobre o assunto. Eles se calam de forma tenebrosa justamente para proteger o querido deles, no caso, o PSDB, e principalmente o senador Aécio Neves, pré-candidato do partido à presidência da República. 
O jornalista Marco Aurélio Carone, diretor-proprietário do "Novo Jornal", está preso desde o dia 20 de janeiro deste ano por ter denunciado a relação de vários políticos do PSDB mineiro, inclusive, do senador Aécio Neves, com a Lista de Furnas. Além disso, o jornalista fez várias acusações ao irmão do promotor que o denunciou, no caso, André Luiz Garcia de Pinho. Criaram um monstro no Brasil, no caso, o Ministério Público. Vários integrantes do MP se vingam de pessoas com claras motivações políticas e se colocam como garoto propaganda dos grandes meios de comunicação sempre que há um caso que interessam a eles. 
O inquérito contra o jornalista é uma peça de ficção. O promotor chama Carone de "relações públicas da quadrilha" pelo fato de o jornalista publicar denúncias contra o senador Aécio Neves e o governo mineiro. O jornalista teve um infarto na prisão após ser pressionado pelo promotor e a polícia mineira para que assinasse um documento  vejam bem, isso! - para que incriminasse deputados petistas e do PMDB da Assembleia Legislativa mineira. Pois bem, este promotor - cujo salário é pago com dinheiro dos contribuintes - ofereceu a "delação premiada" em troca de falsas acusações a Fernando Pimentel, então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e candidato do PT ao governo de Minas, assim como contra deputados, delegados e advogados. Para isso, o promotor lhe daria a "liberdade". 
Com muita coragem e valentia, o jornalista se recusou a prestar a fazer este papel. Ainda bem que no Brasil temos jornalistas e "jornalistas". 
A partir de então, o movimento "Minas Sem Censura" denunciou os termos da delação que chegaram ao jornalista. A Lista de Furnas tem ligação estreita com o mensalão mineiro onde constam grandes lideranças do PSDB, inclusive, o ministro do STF, Gilmar Mendes, como a revista "Carta Capital" denunciou no ano passado. 
É um grande absurdo, e todos aqueles que lerem tal fato neste blog, peço que denunciem para outras pessoas porque o jornalista está sofrendo sérias consequências em função de uma grande perseguição política capitaneada por poderosos tucanos mineiros, o Ministério Público e o Judiciário daquele Estado. Lamentavelmente, o MP e o Judiciário brasileiros estão sendo instrumentalizados com claras propostas políticas. É lamentável e muito perigoso. Estamos vivendo a ditadura do Judiciário onde pessoas que não pertençam ao status quo estão sendo perseguidas da pior forma possível por pessoas que deveriam representar o Ministério Público e o Judiciário. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Abriram as portas do inferno

A morte do cinegrafista da Bandeirantes atingido por um rojão durante uma manifestação no centro do Rio de Janeiro na última sexta-feira por integrantes de um grupo autodenominado "Black Blocs" demonstra que abriram a porta do inferno nas manifestações de junho do ano passado, e agora não sabem como controlar o monstro. 
A "velha mídia" fez coberturas ao vivo e incentivou que estes bandidos participassem das manifestações que tiveram como característica quebra-quebra e muita violência. No início deste ano, durante uma manifestação em São Paulo, eles colocaram fogo em um fusca de um senhor que saía de um culto em uma igreja evangélica. E promoveram várias destruições. Isso tudo sobre os holofotes da velha mídia que os incentiva cada vez mais porque tinha como objetivo desgastar o governo da presidenta Dilma Rousseff. 
O absurdo chegou a tal ponto que alguns jornalistas como Boechat, Sardenberg, Juca Kfouri, Constantino (o da "Veja") incentivavam os "black blocks". Boechat, o da TV Bandeirantes, chegou ao cúmulo de incentivar estes bandidos a riscar e até mesmo quebrar veículos das autoridades. 
Agora que o cinegrafista da TV Bandeirantes morreu, é um absurdo ouvir e ler as declarações de tais jornalistas condenando os "black blocs", os mesmos que eles incentivaram. As lágrimas de crocodilo de Boechat chegam a ser repugnantes. Ele cobra uma atuação das autoridades e chama os "black blocs" de bandidos. Só que até há pouco tempo, ela era o maior incentivador deste grupo de aloprados que invadiam as manifestações e cometeram todos os tipos de barbaridades. 
A velha mídia é hipócrita e age conforme os seus interesses. Enquanto os "Black blocs" serviram aos seus interesses, foram incentivados. No momento que observaram que haviam soltado um monstro, e o mesmo está sem controle, culminando com o assassinato de um cinegrafista, agora clamam por justiça e outras medidas a mais, invocando que a liberdade de imprensa corre riscos, chavões próprios da direita. 
Estes membros que integram este grupo são bandidos na acepção da palavra. São pessoas neonazistas, que pertencem a grupos que participam de lutas marciais, agredindo homossexuais e mendigos nas ruas das grandes cidades. Eles se infiltram nas manifestações com objetivos escusos e promovem pancadarias, ameaçam pessoas e quebram prédios públicos e propriedades privadas. Deveriam ser tratados com todo o rigor da lei. Entretanto, receberam inúmeros incentivos para que agissem dessa forma porque estavam servindo para os objetivos de grupos conservadores e dos barões midiáticos para que a presidenta Dilma Rousseff sofresse as consequências dos seus atos, perdendo popularidade. 
Agora que viram que o monstro é extremamente perigoso, mudam o discurso. A mesma hipocrisia de sempre...

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Juiz? Não, réu

Louco para aparecer na imprensa, como é o caso também do atual presidente do STF, Joaquim Barbosa, o ministro Gilmar Mendes não perdeu a chance de dar declarações estapafúrdias que fogem da responsabilidade do seu cargo. As doações dos militantes petistas para que fossem pagas as absurdas multas aplicadas pelo atual presidente do STF levaram o ministro Mendes, que alguns blogueiros chamam de "Gilmar Dantas", em função de sua ligação com o banqueiro Daniel Dantas, que apanhado com a boca na botija tentando subornar o delegado Protógenes Queiroz, foi preso, e o ministro lhe concedeu, como por milagre, dois Habeas Corpus em 24 horas. 
A questão é a seguinte: comprovadas as doações dos militantes petistas, o que acontecerá com declarações levianas de um ministro do STF? Pelo cargo que ocupa, deveria sofrer um processo de impeachment. O presidente do diretório nacional do PT, Rui Falcão, entrou nesta quinta-feira, 6, com uma interpelação judicial para que confirme ou não suas declarações. Caso confirme, terá que comprovar que foi dinheiro utilizado de forma irregular. 
A revista "Carta Capital", de agosto de 2012, denunciou que o nome do ministro Gilmar Mendes aparece em u ma extensa lista de beneficiários do caixa 2 da campanha do Mensalão Mineiro. É por isso é que o Mensalão do PSDB não anda no STF. Há um abismo entre a sensibilidade oficial e a paralela. Eduardo Azeredo, candidato à reeleição ao governo de Minas, em 1998, declarou à época  ter gasto R$ 8 milhões. Na documentação assinada e registrada em cartório, o valor chega a R$ 104, 3 milhões. O ministro Gilmar Mendes teria recebido R$ 185 mil. 
A lista está metodicamente organizada. Sob o enunciado "Relatório de movimentação financeira da campanha da reeleição do governador Eduardo Azeredo", são perfilados em ordem alfabética doadores da campanha e os beneficiários dos recursos. São quase 30 páginas, escoradas em cerca de 20 comprovantes de depósitos que confirmam boa parte da movimentação financeira. Os repasses foram feitos por meio do Banco de Crédito Nacional (BCN) e do Banco Rural, cujos dirigentes são réus do que chamam de "mensalão petista". 
Esse pacote de documentos foi entregue no dia 26 de agosto de 2012 na delegacia da Polícia Federal em Minas Gerais. Além de Mendes, entre doadores e receptores, aparecem algumas das maiores empresas do país, governadores, deputados, senadores, prefeitos  o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A papelada desnuda o inalcançado pela Justiça. Há registro de doações de prefeituras, estatais e outros órgãos públicos impedidos por lei de irrigar disputas políticas. Entretanto, o inquérito não anda. 
Os pagamentos foram feitos pela SMP&B Comunicações, empresa de Marcos Valério. Todas as páginas são rubricadas pelo empresário mineiro, com assinatura reconhecida em cartório no final do documento datado de 28 de março de 1999. Há ainda declarações assinada por Marcos Valério de 12 de setembro de 2007 e apresentada à Justiça de Minas Gerais. Marcos Valério informa um repasse de R$ 4,5 milhões a Azeredo. O documento de apresentação assinado pelo publicitário afirma que o depósito milionário a favor de Azeredo foi feito "com autorização" dos coordenadores financeiros da campanha tucana  - Claudio Roberto Mourão e Walfrido dos Santos Guia, o mesmo que se safou da cadeia porque completou 70 anos em janeiro deste ano, após o processo mofar nas gavetas do STF por mais de 15 anos. 
O documento entregue à Polícia Federal lista um total de 13 governadores e ex-governadores beneficiários do esquema, dos quais sete são do PSDB, quatro do ex-PFL e dois do PMDB. Além disso, este dinheiro irrigou a campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso que na época teria levado R$ 2,8 milhões. 
Este caso é tenebroso porque envolve um componente ainda mais misterioso. A modelo Cristiana Aparecida Ferreira foi assassinada por envenenamento seguido de estrangulamento em um flat de Belo Horizonte, em agosto de 2000. Filha de um funcionário aposentado da Cemig, Cristiana, de 24 anos, tinha ligações com diversos políticos mineiros. Investigadores chegaram a conclusão que sua principal ocupação na época era entregar malas de dinheiro do valerioduto mineiro. E todos acreditam que sua morte foi queima de arquivo porque ela sabia de tudo sobre o esquema conhecido como mensalão mineiro. E tudo com o conhecimento do ministro Gilmar Mendes. Então, este senhor não é juiz, e sim réu. 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O mistério das 13 almas

Entre 1986 e 1988, no final da faculdade de jornalismo na Unesp de Bauru, fui assistente científico do professor Sidney Asnard, na época professor de Folkcomunicação e doutorando na área pela Faculdade de Belas Artes em São Paulo, onde residia. Ele vinha até a Unesp dar aula na sexta-feira e eu retornava com ele para São Paulo para fazermos a pesquisa de campo no final de semana. Nestes dois anos, tive oportunidade de tomar contato com inúmeras coisas que me deixaram embasbacado. 
Neste dia 1º de fevereiro, quando se completa 40 anos do incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, me lembrei de algo que me deixou estupefato na época, e até hoje chama muito a atenção das pessoas. Neste incêndio, 13 pessoas morreram carbonizados dentro do elevador e nunca foi possível descobrir suas identidades porque em 1974 não havia ainda o exame do DNA. O incêndio provocou a morte de 188 pessoas e deixou outras 300 feridas. 
Por isso, estas 13 pessoas foram enterradas em túmulos próximos um do outro no cemitério São Pedro, na vila Alpina, em São Paulo. Hoje estes túmulos foram transformados em mausoléu e atrai centenas de pessoas. O professor Sidney disse que conversaríamos com o administrador do cemitério São Pedro na época, "o senhor Luiz", sobre tal fato. Fomos em um sábado a tarde de 1987 até o cemitério quando nos encontramos com este administrador que nos contou sobre fatos que vinham acontecendo. Segundo ele, muitas pessoas ouviam choros e gritos desesperados no interior do cemitério. Apesar da procura, nada era encontrado. 
Até que em um determinado dia se descobriu que estes choros e gritos vinham destas 13 sepulturas das pessoas que morreram carbonizadas no interior do elevador no edifício Joelma. Entretanto, tal fenômeno persistia e certa vez um coveiro do cemitério teve uma ideia original. Ele procurou o administrador e em posse de um balde, jogou água sobre os túmulos. E tal fenômeno cessava. Daí, surgia a lenda que as pessoas ali sepultadas, em função do que passaram dentro deste elevador, necessitavam de água para amenizarem o sofrimento que haviam passado. 
Desde então, inúmeras pessoas procuravam o túmulo e faziam promessas. Era possível encontrar junto aos túmulos muletas e agradecimentos por graças alcançadas. Uma curiosidade que chamava a atenção era que sobre os túmulos haviam copos de água. De acordo com o administrador, as pessoas tinham a crença de que a água servia para aliviar o sofrimento das vítimas do incêndio. E daí surgiu o que chamam do mistério das 13 almas.