quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A reforma trabalhista e os incautos

Recentemente, o portal de notícias, Assicity, publicou uma reportagem do presidente do Sindicato dos Bancários de Assis, Hélio Paiva, quando faz considerações a respeito da reforma trabalhista colocada em prática pelo atual governo desde novembro do ano passado. Em sua exposição, Hélio comenta os graves prejuízos que esta reforma provoca aos trabalhadores em todos os sentidos. 
Todavia, lendo três comentários existentes ao final da matéria, é possível observar que estas pessoas, uma delas usando um escudo do Corinthians (robô), promove críticas sem nexo ao presidente do Sindicato. Outros dois seguem na mesma toada. São os incautos - ou reacionários - que são favoráveis a algo que vai trazer graves prejuízos para toda a população. 
O que é estranho é que tais pessoas não conseguem ver um palmo diante do nariz. Ou seja, que esta reforma trabalhista trará prejuízos imensuráveis não só para toda a população, mas, também, aos seus filhos, netos, bisnetos, e assim por diante. 
Esta reforma trabalhista aprovada e colocada em prática no Brasil é extremamente danosa. Os trabalhadores já começam a sofrer os prejuízos desse desatino no dia a dia. Os empregos com carteira de trabalho sofrem quedas constantes, de acordo com o Ministério do Trabalho e do Emprego. Crescem as contratações por tempo determinado, sem as garantias trabalhistas especificadas pela CLT, que, na verdade, foi rasgada, tão ao gosto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
Atualmente, o trabalhador não tem mais qualquer garantia de emprego. Ao contrário, corre o risco de ser demitido a qualquer hora. Para os incautos, hoje não é mais necessário que o trabalhador faça a rescisão trabalhista com a presença do Sindicato. O empregador pode fazer a rescisão diretamente, o que traz sérios prejuízos ao trabalhador que pode assinar uma demissão extremamente desvantajosa para ele. 
Além disso, o empregador poderá chantageá-lo, dizendo que se o trabalhador não fizer a rescisão diretamente na empresa, poderá não lhe dar emprego mais à frente. Outro detalhe que escapa aos incautos. A cada ano, a empresa poderá "demitir" o funcionário a partir desta nova regra. E se o trabalhador não aceitar as "condições" impostas pelo empregador, simplesmente não continuará no emprego. Isso significa que o empregador poderá empurrar goela abaixo do funcionário uma série de questões errôneas no momento da rescisão porque, se assim não aceitar, ficará automaticamente sem emprego. 
Isso sem falar que o trabalhador poderá ser contratado para trabalhar em um determinado período, ou mesmo, abrir mão de direitos como férias e 13º salário. Isso já vem acontecendo. O que chama a atenção é como as pessoas não se rebelaram contra esta reforma extremamente excludente e desastrosa promovida pela atual cúpula criminosa que governa o Brasil, em parceria com o grande empresariado e os grandes meios de comunicação. 
Se isso tivesse acontecido em qualquer país capitalista da Europa, por exemplo, a população teria promovido uma verdadeira revolução. Seria inaceitável em qualquer país europeu que se tirassem tantos direitos dos trabalhadores como aconteceu no Brasil. Infelizmente, os sindicatos dos trabalhadores não se mobilizaram a contento para evitar tal fato. As manifestações foram fracas. O que se deveria ter feito é até mesmo enfrentar a resistência e invadido o Congresso Nacional para evitar que esta reforma fosse aprovada. 
Neste tempo de injustiças institucionalizadas, caracterizado pela perda de direitos sociais, desemprego, ineguranças que geram medo, num processo permanente de produção e reprodução de desigualdade - é mais do que hora lutar para garantir uma mudança no funcionamento das instituições e do papel do Estado. 
Lamentavelmente, os brasileiros vivem anestesiados pelos grandes meios de comunicação, e acabam comendo no prato deles. Para felicidade dos incautos... Isso até quando estes incautos forem vítimas dessa reforma trabalhista. 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A moral dos imorais

Desde a semana passada, vazou que juízes federais, estaduais ou que ocupam altos cargos nas cortes brasileiras recebem auxílio-moradia, mesmo que a maioria deles possui casa própria e recebem salários em torno de R$ 30 mil mensais. As justificativas são as mais estapafúrdias possíveis, já que alegam que não recebem (?) aumento salarial desde 2016 e o auxílio-moradia serve como “complemento salarial”.
O recordista, segundo levantamento realizado neste domingo (4) pelo jornal “Folha de S. Paulo”  é o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Antonio de Paula Santos Neto, que possui 60 imóveis e recebe o benefício. Suas propriedades estão distribuídas em bairros valorizadas da capital, como Bela Vista, Perdizes e Pacaembu. de R$ 30.471,11, disse que considera inadequado o recebimento do auxílio-moradia, mas justificou a prática alegando que os demais juízes que têm imóveis próprios também recebem o benefício. Além disso, ele também alegou que o recebimento da verba é uma forma encontrada para driblar a fa
À reportagem, o juiz, que tem salário lta de reajuste nos salários dos juízes.
O juiz Sergio Moro também é outro que recebe o auxílio-moradia, mesmo habitando em imóvel próprio em Curitiba. O mesmo ocorre com os três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de Porto Alegre.
São fatos lamentáveis e desagradáveis, principalmente porque é extremamente imoral o recebimento destes valores. Afinal, se alguém tem que dar exemplo é o juiz que aplica a lei. No caso específico do auxílio-moradia, se é legal, baseado em uma decisão do ministro Fux, do STF, é imoral.
Será que estes juízes já visitaram  - ou passaram – perto de favelas ou mesmo das periferias das cidades para observarem como as pessoas moram? Vivem em situação de penúria, vegetando em meio a uma desordem social. O que é mais grave é que estas pessoas trabalham duro diariamente para recolherem impostos elevadíssimos para pagarem justamente o auxílio-moradia dos magistrados.
Não é correto que isso aconteça. É um escárnio com a população, principalmente a mais pobre. Aquela que sofre as agruras de um país injusto no dia a dia. Não é difícil dizer que os juízes formam hoje uma casta de privilegiados no Brasil.
É lamentável observar as declarações do corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, ao dizer que esta questão do auxílio-moradia dos juízes é “picuinha política”.  A população brasileira tem direito, sim, de discutir algo tão importante como esta. Afinal, o por quê juiz tem que receber auxílio-moradia se na cidade onde reside possui imóvel próprio? Os trabalhadores recebem auxílio-moradia? Ao contrário, necessitam trabalhar muito para pagar preços abusivos de aluguéis.
Isso não é picuinha. Isso é imoralidade.

Como juízes vão combater a corrupção, se são beneficiados por algo imoral? Isso faz com que o Judiciário tenha uma péssima imagem junto à população. É um poder mastodonte, vagaroso e que não tende as necessidades da população. Lamentavelmente, podemos dizer que essa é a moral dos imorais.