sábado, 28 de novembro de 2015

Dom Simão

De forma súbita e repentina, morreu o bispo de Assis, Dom José Benedito Simão. A morte de D. Simão, da forma como aconteceu, mostra-nos a efemeridade da vida. Ele participava de uma reunião de bispos e leigos católicos na cidade de Marília, quando sentiu-se mal, e houve necessidade de ser levado às pressas para o hospital onde permaneceu internado na UTI até que a sua morte fosse confirmada. 
A forma como morreu D. Simão - e inúmeras outras pessoas - nos mostra que a vida é efêmera e, infelizmente, o ser humano vive como se fosse eterno. Ou seja, vive uma vida desapegada dos valores cristãos imaginando que nada vai acontecer com ele. Entretanto, quando menos se espera, em uma dessas curvas da vida, vem o inesperado e acontece. A nossa vida na terra é passageira e devemos estar preparados para o inesperado. Como jornalista, participei de inúmeros eventos onde me custava acreditar que determinadas coisas tinham acontecido, e pessoas perderam a vida de forma tão repentina e inesperada. A partir daí, passei a ver a vida de forma diferente entendendo que estamos somente de passagem. Você pode estar aqui hoje, e de repente, daqui a alguns minutos não estar mais. 
Em função da minha profissão, tinha muitos contatos com os bispos de Assis. Sempre gostei muito da questão religiosa, e procurava me aprofundar muito nesta área. Lembro-me que fiz inúmeras entrevistas com o bispo D. Antônio, cobri em Araçatuba e em Assis a consagração do bispo D. Eugênio Rixen, assim como a de D. Maurício Grotto de Camargo em Presidente Prudente e em Assis. Também estive na consagração de D. Simão como bispo de Assis. A nossa relação sempre foi marcada por divergências em função de pensamentos referentes a realidade brasileira. Várias vezes ele me chamou no bispado para apresentar a sua forma de pensar sobre algumas coisas que escrevia, e que ele não concordava. Isso é comum com o jornalista. Afinal, o bom jornalista não busca a unanimidade. Como dizia o grande escritor brasileiro, Nelson Rodrigues, toda "unanimidade é burra". Assim, como D. Simão, tinha essa experiência com o reverendo Valmir Machado (também já falecido) que tinha contatos constantes comigo para comentar e discutir fatos que escrevia em editoriais no jornal "Voz da Terra". 
Entretanto, sempre tivemos uma relação de respeito, apesar da sua posição conservadora em relação aos posicionamentos políticos e sociais brasileiros. Por isso, em algumas vezes, havia discordâncias. Isso, todavia, não impedia que fizesse várias matérias com o bispo D. Simão sobre o dia a dia da igreja em Assis. Tinha até mesmo o seu celular particular, e sempre que necessitava, entrava em contato com ele quando me atendia de forma respeitosa passando as informações que necessitava. 
Acredito piamente na vida após a morte. Todos aqueles que seguem os ensinamentos de Jesus Cristo devem esperar viver ao seu lado na eternidade. A morte repentina e inesperada de D. Simão nos serve de alerta. Um alerta sobre a necessidade de mudarmos o nosso comportamento em relação à vida, procurando vivermos em comunhão com nossos irmãos, evitando usar de expedientes baixos e maldades para prejudicá-los. Afinal, a vida é assim: ora estamos aqui, ora não estamos mais. 
Peço que Deus, em sua infinita bondade e eterna misericórdia, que acolha a alma de D. Simão lhe dando o descanso eterno. Ele nos deixa bons exemplos, e o último, sem dúvida, é a doação de seus órgãos para que outras pessoas possa continuar vivendo melhor.