segunda-feira, 4 de março de 2019

Direitos que são retirados; pessoas que não protestam

Há pouco tempo, em uma reunião do diretório municipal do PT em Assis, da qual estava participando, quando se discutia a necessidade de desenvolver atuações para denunciar a prisão arbitrária do ex-presidente Lula, jovens filiados ao Partido da Causa Operária (PCO) sugeriram uma panfletagem em lugares de grande frequência pública. Filiados ao PT disseram que ajudariam com dinheiro para comprar o material, porém, não tinham mais idade para panfletar. E não foram...
Tal fato é bastante emblemático e demonstra como temos hoje uma oposição de esquerda extremamente pragmática, que só aparece em épocas eleitorais, e mesmo assim, está difícil ver isso, mesmo durante o período eleitoral. Nas últimas eleições presidenciais, o candidato do PT, Fernando Haddad, praticamente não teve campanha em Assis. 
Temos uma militância de esquerda envelhecida, mais preocupada com sua vida pessoal do que com os problemas do país ou mesmo daqueles que deram sua vida em prol do povo brasileiro. Uma militância cansada, acomodada e pouco se importando com o que acontece no país. Uma militância que não sai às ruas ou organiza o povo. Deixa o povo a sua própria sorte. 
Uma militância - ou oposição - que todo governo de direita adoraria ter - e tem. Os atuais detentores do poder deitam e rolam no sentido de retirar direitos da população e não encontram resistência. Não se vê grandes manifestações. Direitos já retirados do povo brasileiro, em qualquer país com um mínimo senso crítico, levaria milhões às ruas. Aqui nada acontece. Parece todos anestesiados. Só alguns tem coragem para isso. 
Na verdade, temos uma militância envelhecida, sem os arroubos dos anos 1980 e 1990 na luta por um país melhor. Me lembro que em 1979, quando o general João Baptista Figueiredo esteve em Bauru, os estudantes da Universidade de Bauru fizeram uma grande passeata pelas ruas centrais da cidade e fomos até a praça Rui Barbosa, onde o ex-presidente estava hospedado com sua comitiva, e enfrentamos os militares. Isso levou o então diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma, a pedir arrego e solicitar que respeitássemos os limites do direito de protestar. 
Hoje, isso é impensável com estes dirigentes partidários acomodados que adoram discutir política em escritórios com ar condicionado. Nem no facebook aparecem mais registrando os seus protestos. Discutem apenas em escritórios, mas nada que ofereça a chance de enfrentar estas tristes figuras que comandam atualmente o Brasil. 
Isso pode ser visto no impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff quando o PT não esboçou qualquer reação para enfrentar aquela situação. Entregaram o governo aos golpistas sem qualquer reação, com uma covardia jamais vista. Deveriam se mirar no exemplo do Nicolas Maduro, da Venezuela, que luta como um leão contra golpistas imperialistas e impôs recentemente uma derrota acachapante àqueles que tramam à submissão do país aos EUA. Mas, organizaram o povo para que defendam o governo. 
No Brasil, a Dilma caiu sem qualquer esforço. Como uma goiaba podre do pé. O PT deveria ter partido para o pau com os golpistas, ter enfrentado-os nas ruas e armado uma luta insana no Congresso Nacional. Jamais ter entregado a rapadura com tanta facilidade. Todos estavam acovardados, e acovardados não defenderam o povo que colocou o PT no poder para fazer mudanças em prol do mesmo no governo. O resultado é que deixaram que golpistas da pior espécie assumissem o poder e vão destruindo os direitos básicos da população. 
Enquanto isso, a sua velha militância cansada e carcomida não faz nada em defesa do presidente Lula ou no sentido de enfrentar estes malfeitores que ora governam o Brasil.