terça-feira, 19 de maio de 2020

Confesso que perdi...

Desculpe, jornalista Juca Kfouri, em utilizar o título do seu livro mais recente quando faz uma análise de sua vida como ativista político e entende que acabou perdendo grande parte das lutas em que esteve envolvido, principalmente após o golpe de 1964. O por quê desse título? Entendo que como militante político, cuja consciência brotou fruto da convivência com o meu avô Domingos Sachetti, também faço uma reflexão de que perdi..
Desde que me envolvi nas lutas sociais como militante político, principalmente quando fiz a faculdade de Jornalismo em Bauru, procurei lutar por um país mais justo com aqueles que aqui viviam - e vivem. Veio a redemocratização, ainda no governo do general Figueiredo, e com as eleições para governadores em 1982. Entretanto, o principal fator que essa história era um pouco mais complicada foi a eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral derrotando o candidato Paulo Maluf, porém, acabou não assumindo porque veio a morrer antes da posse. 
E quem assumiu: José Sarney, um dos representantes de uma das maiores oligarquias existentes no Brasil, no caso, no Maranhão, que acabou sendo derrotada por Flávio Dino. Ou seja, o poder continuava nas mãos das oligarquias nacionais. Na primeira eleição direta para presidente da República, quem venceu foi Fernando Collor de Mello, outro oligarca, em Alagoas. Ou seja, o poder mantinha-se nas mãos das oligarquias nacionais. Depois, quem venceu foi Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo dado a intelectual, todavia, comeu nas mãos dos oligarcas nacionais por dois mandatos. 
Na verdade, em um  hiato histórico onde a população teve condições de aspirar por melhores condições de vida e foi respeitada, foram nos dois governos Lula e Dilma Rousseff, esse, no segundo mandato, derrubada por um golpe de Estado. Afinal, a nojenta elite nacional não suportava mais ver as classes populares desfrutando de pequenas benesses dadas nesses governos trabalhistas. Inventou-se uma tal de pedalada fiscal e, com o auxílio de um Congresso Nacional espúrio e de uma Justiça tosca, acabaram derrubando Dilma Rousseff, em um golpe branco, não mais com tanques nas ruas, mas, agora, com a presença indireta do Judiciário. 
E se não bastasse isso, desembocou em um meio governo reacionário do traidor Michel Temmer, que retirou inúmeros direitos dos trabalhadores brasileiros com uma reforma da CLT. E se não bastasse tanta desgraça, em uma fraude eleitoral monumental, foi eleito um miliciano assassino que responde pelo nome de Jair Bolsonaro. O resultado está aí para todos verem. Um governo que não sabe nem o por quê está lá, mas, na verdade, destruindo um país dia a dia. Em uma pandemia que vem matando milhares de brasileiros, mesmo subnotificada, este assassino genocida que ocupa o Palácio do Planalto aposta no quanto mais pior com intenções ainda mais assassinas. 
O quadro para o povo brasileiro é extremamente triste e desalentador. O número de miseráveis cresce de forma impressionante e teremos um país de pessoas cada vez mais marginalizadas. Diante disso, confesso que perdi...

sábado, 25 de abril de 2020

Bolsonaro e Moro, duas faces da mesma moeda

Durante este final de semana, mais precisamente nesta sexta-feira, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (seu ministro da Justiça) protagonizaram um espetáculo dantesco. Bolsonaro, que já havia demitido o seu antigo ministro da Saúde, Luiz Hnrique Mandetta, de forma conturbada, resolveu chutar novamente o balde ao demitir o ministro da Justiça, Sérgio Moro, 
Entretanto, se com Mandetta, apesar do desgaste sofrido em meio a pandemia do Coronavírus, ele conseguiu sair até de certa forma ileso da situação, com Sérgio Moro, porém, os fatos tomaram outras dimensões, principalmente em função das denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça contra Bolsonaro que lhe pode custar o cargo de presidente da República. 
Moro fez acusações pesadas contra Bolsonaro, dizendo que sua real intenção é interferir na nomeação do diretor geral da Polícia Federal com o objetivo claro de evitar que aja investigações que podem chegar aos seus filhos, que não são pessoas que você convidaria para jantar em casa. 
Bolsonaro contratorpedeou dizendo que Moro havia pedido para que demitisse o atual diretor geral da Polícia Federal somente em novembro quando o nomeasse para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). 
Apesar de tamanha crise política que o Brasil vive por causa de um presidente extremamente despreparado, eleito em cima de fake news enviadas através de robôs com mentiras que levaram o povo brasileiro a elegê-lo, em um momento crucial do país que vive uma séria crise sanitária, entendo que o melhor não é se posicionar nem para um lado como para outro, e sim, ficar observando a briga. 
Moro, apesar de querer descolar de Bolsonaro neste momento, na verdade, está ligado umbilicalmente à criatura. Através de suas decisões como juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, quando comandou a Lava-Jato, promoveu sérios problemas para o ordenamento jurídico do país, tomando decisões que receberam críticas em todo o planeta. 
Ele usou do cargo para se locupletar politicamente, e Bolsonaro disse isso com todas as letras quando afirmou que Moro o procurou por várias vezes enquanto juiz federal. Moro, na realidade, usou de todos os artifícios jurídicos possíveis para levar Dilma Rousseff ao impeachment e prender o ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, favorito disparado nas eleições de 2018. E de forma nojenta e totalmente antiética, se tornou ministro da Justiça do principal adversário de Lula nas eleições passadas. Não é necessário dizer mais nada de que forma Moro esteve ligado a toda esta situação absurda, e que, em qualquer país sério, com certeza, responderia criminalmente por suas atitudes. 
Moro é extremamente ligado a Bolsonaro e só deixou o posto que comandava quando observou que o presidente estava cortando suas asas. Na verdade, enquanto juiz e ministro da Justiça, Moro é uma figura que nada fez. Sempre foi uma figura apática no comando desses cargos. Aliás, sempre usou estes cargos com fortes pretensões políticas visando as eleições de 2022. Quando observou que seu projeto estava indo água baixo, fez este teatro todo. 
Vai embora, sem deixar saudades. Ao contrário, Moro é uma pessoa pior que Bolsonaro. O presidente é uma figura escrota que não consegue articulação junto ao meio político e na sociedade. Moro é uma figura escrota que tem este poder de articulação. Na verdade, o Brasil não merecia tais figuras maquiavélicas.