quinta-feira, 17 de março de 2016

Se houver golpe, não será indolor

É claro que há um golpe midiático e judiciário no Brasil. Imagino que a presidenta Dilma Rousseff deveria denunciar isso à comunidade internacional. Os golpistas são os grandes meios de comunicação que defendem os privilégios de uma elite arcaica e escravagista. Na verdade, os adversários à direita da presidenta Dilma pretendem resgatar o projeto neoliberal que vigorou no país nos anos 1990. Propõem a flexibilização de direitos trabalhistas e o fim das vinculações orçamentárias para a área da saúde e da educação, até retirar da Petrobrás a prioridade na exploração do pré-sal e abrir as portas das estatais para a privatização. 
Como é difícil arregimentar adeptos para tal plataforma, nas ruas, a oposição, vinculada com grupos midiáticos e setores do Judiciário, recorre ao tema do combate à corrupção que tem impacto popular. E, com o discurso da corrupção, eles neutralizaram ou atraíram setores populares para a campanha golpista. Hoje tem setores populares que estão neutralizados diante dessa campanha ou foram atraídos para ela por causa do discurso da corrupção, que é o discurso ao qual recorrem as minorias que não podem expor seus verdadeiros programas. 
O pior, no entanto, é que a retórica da moralidade é apenas isso: retórica. E claro que não podemos acreditar nesse discurso à medida que ele é seletivo. Se eu falo que luto pela corrupção, mas só luto contra a corrupção de um lado, então não é contra a corrupção que eu estou lutando. E é isso que está acontecendo no Brasil. Lamentavelmente, a organização criminosa Rede Globo - e asseclas - anestesiam a população com um discurso moralista que, na verdade, esconde os seus verdadeiros objetivos. 
O golpismo que ninguém sabe onde vai dar. A ofensiva contra o mandato da presidenta Dilma deve ser classificada como um golpe. Desde a vitória de Dilma nas eleições de 2014 a oposição busca pretextos para retirá-la do cargo. Primeiro, questionando o resultado das eleições, depois, alegando defeitos na prestação de contas da campanha, em seguida, veio o argumento das tais pedaladas fiscais. 
Então são sucessivos e distintos motivos, com um único objetivo, que é depor a Dilma. Além disso, procuram criminalizar o ex-presidente Lula para que não concorra nas eleições de 2018. Perfeito o golpe. E a população anestesiada por estes bandidos. A única coisa que há de verdade é isso. O resto é pretexto. Então, não merece credibilidade. Eles querem é anular o resultado eleitoral de 2014. É um golpe branco, como foi o do (ex-presidente Fernando) Lugo no Paraguai. 
Entretanto, é necessário alertar para os riscos que podem vir dessa estratégia da direita. que passa por cima da Constituição. Essa investida pode ter consequências imprevisíveis até para a oposição. Com o golpe, eles não querem uma ditadura, querem uma nova eleição - ou o Aécio ou (Michel) Temer: enfim, aí varia. Mas uma coisa é o que eles planejam, o que eles querem ou desejam. Outra coisa vai ser o resultado histórico dessa monstruosa agitações que eles estão fazendo e dessa operação arriscada de rasgar a Constituição que eles estão fazendo. 
A UDN apoiou o golpe de 1964, com a expectativa de que haveria eleição para presidente em 1966. Carlos Lacerda era candidatíssimo, se considerava praticamente eleito. Mas não foi como eles esperavam., não combinaram com os militares e os militares ficaram no poder. Lacerda, em 1968, estava na Frente Ampla contra o governo militar. Então as coisas não saem como planejadas. 
Portanto, se houver golpe, não será indolor. 
Diferente do cenário em que se deu o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, uma investida contra o mandato de Dilma não passará em brancas nuvens. Haverá resistência e a sua repressão pode levar o país a uma situação imprevisível. Não vai ser uma operação indolor como foi a substituição do Collor pelo Itamar. E, em não sendo, vai haver atrito e, em havendo atrito, a coisa pode tomar um rumo que eles mesmos não estão imaginando agora. 
A deposição de Dilma, vai haver resistência sindical, do MST, dos estudantes e partidos. Aí você chama a PM para conter. Pode não bastar. Aí você decreta estado de emergência. Quer dizer, a coisa vai complicar muito mais do que eles estão planejando.  
Os trabalhadores é que vão pagar o preço mais alto dessa conta. Será uma política de terra arrasada. E, dessa forma, os sindicatos deveriam estar nas ruas e panfletando suas categorias alertando para o perigo que os espera. Isso porque estão anestesiados pela organização criminosa Globo e asseclas da Grande Mídia, junto com setores fascistas da sociedade e do Judiciário. 

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