quarta-feira, 26 de março de 2014

A longa noite de 64

O jornalista Jacob  Timmermann, em seu livro "Prisioneiro sem nome, Cela sem número", descreve com exatidão os horrores da ditadura argentina lembrando que o nosso país vizinho, no período de 1976, quando Isabelita Peron foi derrubada pelos militares, até meados dos anos 1980, os argentinos viveram verdadeiros horrores e ele compara os ditadores portenhos aos nazistas que infelicitaram a Alemanha até o fim da Segunda Guerra Mundial. 
A ditadura brasileira não teve a quantidade de horrores da Argentina, como a do Chile, mas contou com barbaridades que faziam corar os integrantes da Gestapo e os comandantes nazistas. A partir da década de 1960 e até meados da década de 1970, a América Latina foi um teatro de horror. Loucos escaparam do hospício e desfilaram suas sanhas assassinando, torturando, prendendo, exilando e cometendo todos os tipos de atrocidades possíveis. 
Isso tudo com o beneplácito dos Estados Unidos e das elites encasteladas nestes países que não queriam perder poder. No Brasil não foi nada diferente. O presidente João Goulart apresentou as suas propostas de reformas de base que procurava fazer com que o Brasil fosse um país mais justo. Jango, como era chamado, foi um rico fazendeiro, mas que mudou-se para o outro lado da história e defendeu, como nunca, em seu governo os pobres e marginalizados. À exemplo do que aconteceu com Zelaya, em Honduras. 
Isso incomodou a elite da época - a mesma de hoje - e num conluio com os Estados Unidos começaram a sabotá-lo de todas as formas. Inicialmente, realizaram as famigeradas marchas "Com Deus e pela Família" dizendo que o Brasil está na iminência de se tornar um país comunista. Posteriormente, fizeram conluio com os militares até que desfecharam o golpe de 31 de março (1º de abril?). A partir de então, estes títeres e sanguinários ditadores, mergulharam o Brasil em uma era de "noite e neblina", como fizeram os nazistas com a Alemanha; e os generais com o Chile, Argentina, Uruguai, etc. Na verdade, eles obedeciam os ditames da Guerra Fria defendendo os interesses norte-americanos que chama a América Latina do seu "quintal". 
Hoje já é possível saber quem eram os "salvadores da pátria". Os EUA subsidiaram o golpe enviando dinheiro através de institutos criados por grupos de direita, via embaixada no Brasil, ou mesmo através dos grandes empresários. 
Os mesmos empresários que financiaram grupos paramilitares e órgãos como o Deops para que torturassem e matassem prisioneiros políticos. Dentre eles, estavam o Bradesco, Mercantil de São Paulo, e, quem diria, a "Folha de S. Paulo". Para quem desconhece, os donos da "Folha" emprestavam os veículos do jornal para transportar prisioneiros políticos para que fossem torturados e mortos nos órgãos de repressão. Hoje posam de "democratas". Mas continuam defendendo a direita e chamam a ditadura de 64 de "ditabranda". 
Centenas de brasileiros foram torturados. Inúmeros desapareceram e morreram nas mãos dos torturadores. Inúmeros tiveram que se exilar. Quem ouve e lê os relatos do coronel da reserva Paulo Malhães feitos à Comissão da Verdade fica horrorizado. Ele relata como sumia com os corpos daqueles que lutavam contra o regime militar. Dizia que arrancava a arcada dentária e cortava os dedos, e após esquartejá-los, colocava os corpos em sacos que depois eram arremessados em rios para que nunca mais aparecessem. Ou mesmo no mar. 
Lamentavelmente, ainda existem loucos que fogem do hospício e realizam a marcha de Deus pela Família como aconteceu em São Paulo e Rio de Janeiro recentemente. São pessoas que não possuem o menor senso de humanidade ao defender um regime que matou e sumiu com pessoas. Quantas mães e pais esperaram ou esperam ainda pelos seus filhos? São estes loucos que se atrevem a sair nas ruas. Diferentemente da Argentina e do Chile, quando os ditadores militares estão cumprindo prisão perpétua, os sanguinários ditadores brasileiros estão numa boa dando entrevistas e vivendo confortavelmente, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivessem cometido os mais bárbaros dos crimes. O Brasil necessita fazer um acerto com o seu passado doa a quem doer. Deixar que estes assassinos fiquem à solta é incentivar que loucos que fogem do hospício venham a cometer as mesmas barbaridades. 
Pelo que se lê em comentários na Internet, há muitos destes loucos por aí. E por isso as forças progressistas e democráticas da sociedade precisam ficar atentas e sair de suas zonas de conforto. A estrutura golpista continua em pé e a maior delas são os grandes meios de comunicação representados pela Globo, Folha, Estadão e Veja. Eles aporrinham diariamente os governos trabalhistas com falsas denúncias. Eles têm sangue na boca. E querem mais sangue. Eles defendem a elite que está louca para tomar o Brasil de assalto novamente. 
A única coisa que conforta em toda esta história macaba é que estes assassinos já estão - e estarão um dia - queimando no fogo do inferno. 



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