domingo, 2 de novembro de 2014

Meios de comunicação no Brasil agem como fascistas





O deputado pernambucano Fernando Ferro (PT) criou a expressão que se popularizou em todo o Brasil. Ele denominou a grande imprensa brasileira - e as médias e menores - como de Partido da Imprensa Golpista (PIG). Quando presidiu a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Judith Brito, afirmou que a grande imprensa representava, na verdade, "a oposição" no Brasil, já que os chamados "partidos de oposição" (PSDB, DEM, PPS) não tinham representatividade para tal. Tal fato se traduz naquilo que foi denominado de "Manchetômetro" por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) quando analisaram as manchetes dos principais jornais e televisões do país desde janeiro até as eleições de 26 de outubro. De acordo com esta pesquisa, 80% das manchetes eram contrárias ao PT e a Dilma, enquanto os outros 20% falavam de Aécio e Marina. Algo absurdo em um pais democrático. 
Essas eleições entram para a História do Brasil como o o momento mais nítido em que as corporações de mídia tentaram impor sua vontade ao povo. Mias do que em 1989, com a famosa edição do debate entre Lula e Collor. Mais do que em 2006, quando o foco do debate foi deslocado para pilhas de dinheiro fotografado por um agente da Polícia Federal na época. 
Em 2014 apostaram todas as fichas e, a contrário de outras vezes, não o fizeram veladamente. Assumiram seu papel de partido político de oposição, conforme conclamou Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, ex-presidente da ANJ e colaboradora do Instituto Millenium. 
Faltando 11 dias para o segundo turno do pleito, os institutos de pesquisa davam empate técnico entre os dois candidatos - Aécio Neves à frente dois pontos, dentro da margem de erro. 
Como resposta, a militância de esquerda foi às ruas, os movimentos sociais organizados reforçaram sua participação na campanha e a candidata à reeleição partiu para o enfrentamento nos debates. O mote era um só: comparar os governos tucanos e petistas, o que garantiu vantagem a Lula e Dilma em praticamente  todos os setores. Se o oponente baixava o nível, a resposta vinha à altura.  
Nos oito dias seguintes, Datafolha e Ibope registraram crescimento de Dilma. Dilma encerrou a campanha com vantagem de 6 a 8 pontos de vantagem, cenário praticamente impossível de ser invertido em 48 horas. 
Aí surgiu a capa da revista Veja (também conhecida como o detrito a maré baixo da marginal do Pinheiros) na sexta-feira, antevéspera do pleito, acusando, sem provas, Lula e Dilma de terem conhecimento de desvios na Petrobrás. De sexta até domingo a Veja atingiria algo entre 500 mil e 1 milhão de pessoas. A maioria dos quais, no entanto, já tinham o voto decidido para Aécio. A capa da veja (com v minúsculo mesmo), por si só, merecia o repúdio na medida em que foi dado pela campanha do PT. A própria presidente Dilma usou parte do tempo de propaganda eleitoral para denunciar a manobra da revista. 
No entanto, foi o Jornal Nacional do sábado, véspera da eleição, o grande responsável pela interferência na vontade popular. No primeiro bloco, Dilma recebeu cinco minutos, com destaque no suposto medo de avião e nos problemas com a voz. Enquanto Aécio teve direito a 5'55'' a apresentá-lo como alguém incansável, que trabalha durante o voo e aparece com a esposa e os filhos no colo ("um cara família"). Em outro trecho, as imagens saltadas em repetição durante comícios, com a bandeira do Brasil nas costas, revelam, como num filme de ação, um homem destemido que estaria preparado para conduzir o destino da Nação.
Logo no início do segundo bloco, o JN exibiu extensa reportagem sobre a capa da veja. Aí, o que era de conhecimento de até 1 milhão de pessoas que já votariam em Aécio, alcançou 30-40 milhões de pessoas, entre as quais um sem número de indecisos. Isto na véspera do pleito, sem que houvesse tempo para se organizar a estratégia de enfrentamento desse verdadeiro crime midiático. Como resultado, a vantagem de 6-8 pontos de Dilma, caiu drasticamente, e quando  terminou a apuração as urnas sacramentaram 51,5% x 48,5%. 
O povo derrotou o golpe midiático e deu a vitória a Dilma. Agora o povo quer a democratização dos meios de comunicação, tarefa prioritária para o próximo governo. Até porque duvido muito que as forças progressistas vençam em 2018 se continuarem pedendo a batalha da comunicação porque os barões midiáticos robotizam a população de acordo com os interesses econômicos que representam. 

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