O papa Francisco tem encontrado muita resistência dentro da Igreja Católica para implementar as mudanças que venham de encontro com os anseios dos fiéis. Após a morte de Paulo VI e João Paulo I, a Igreja Católica passou por um longo período de conservadorismo levado adiante por João Paulo II e Bento XVI.
Todos
aqueles identificados com uma igreja aberta e próxima dos pobres, lutando ao
lado deles, principalmente na América Latina foram perseguidos e colocados à
margem. Foram momentos em que a igreja definitivamente esteve ao lado dos
pobres, sofrendo a mesma dor deles, e pagando um preço extremamente alto por
esta opção. Foi quando surgiu a Teologia da Libertação que propunha uma igreja
engajada na luta diária pelos pobres, à exemplo do fez Jesus Cristo quando
esteve na terra.
Neste
espectro, destacaram-se, principalmente na América Latina, D. Paulo Evaristo
Arns, cardeal de São Paulo, lutando contra os arbítrios do regime militar no
Brasil; D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador, na luta pelos perseguidos
pelo regime militar e assassinado por um soldado do exército salvadorenho no
momento em que fazia a Eucaristia; assim como outros grandes religiosos
católicos da época. O mesmo ocorreu com renomados teólogos, principalmente com
Leonardo Boff; o peruano Gustavo Gutierrez Merino; e o teólogo suíço Hans Kung;
todos identificados com a Teologia da Libertação.
Ao
assumir o papado, João Paulo II iniciou um expurgo na Igreja Católica levando
ao ostracismo tais religiosos e teólogos. Vários bispos identificados com a
Teologia da Libertação, foram colocados em dioceses menores e sem expressão;
enquanto os teólogos foram “condenados” ao silêncio ou mesmo deixar a igreja.
O
papa Francisco assume tendo que desmontar este arcabouço conservador. O
resultado disso é uma oposição ferrenha dos conservadores no Vaticano contra
esta prática. O mesmo ocorre no Brasil. Após João Paulo II, temos uma igreja
que não vive a realidade do povo pobre. Inclusive, esta prática levou milhares
de pessoas das periferias das cidades brasileiras – e latino-americanas – a irem
para as seitas pentecostais e neopentecostais que prometem o “céu” na terra.
Estas
pessoas se sentiram abandonadas pela Igreja Católica e foram seduzidas pelo
apelo emocional e milagreiro destas seitas. O resultado disso é um crescimento
descomunal dos evangélicos (mais propriamente destas seitas) e uma redução sem
igual do rebanho católico. Ícones evangélicos marcam o cenário religioso
brasileiro de forma descomunal, muitos deles amealhando verdadeiras fortunas,
viajando de jatinhos de milhares de dólares para cima e para baixo.
Após
alguns anos à frente da Igreja Católica, o papa Francisco I não conseguiu mudar
ainda a igreja. Ao contrário, principalmente no Brasil, a maioria da igreja é
conservadora. O papa Francisco I tem feito críticas fortes ao capitalismo e a
forma injusta que leva milhares de pessoas à pobreza. Grande parte dos padres e
bispos brasileiros fazem ouvidos moucos a estas críticas feitas por Francisco.
O papa se recusa a visitar o Brasil após o golpe engendrado contra a presidenta
Dilma Rousseff, apesar dos convites feitos pelo atual governo. Francisco já
visitou vários países latino-americanos, mas não inclui o Brasil em seu roteiro
de viagem.
Infelizmente,
padres e bispos não levam em consideração os ensinamentos de Francisco e suas
diretrizes, que é uma Igreja próxima das pessoas pobres. As missas são
monótonas e os padres e bispos dizem coisas que não fazem na prática.
Inclusive, permitir que divorciados possam ter acesso ao que igreja oferece às
demais pessoas. Os bispos e padres brasileiros (não todos, claro) deveriam seguir
aquilo que D. Oscar Romero disse antes de ser assassinado em El Salvador: “Jesus
Cristo não está deitado em uma rede nas nuvens. Ele está no meio dos pobres,
sofrendo suas injustiças e caminhando com eles”.
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