"Como
você conheceu a Marcela?" é a pergunta-síntese da desintegração ética do
jornalismo brasileiro. O espetáculo oferecido por “jornalistas” marrons do Roda
Viva, transmitido pela TV Cultura, na entrevista com Michel Temer, é algo
lamentável e só pode ser considerado “porco e vagabundo”. Este é o jornalismo
que permeia a imprensa atual, chapa branca, que fala bem porque é bem pago. É
importante lembrar que os melhores jornalistas brasileiros hoje estão fora da
imprensa porque foram perseguidos justamente em função de dizer a verdade. Hoje
temos capitães do mato no jornalismo que fazem o serviço sujo do senhor de
engenho da imprensa.
Mas
voltemos as perguntas, como essa de como ele conheceu Marcela. Primeiro, porque
é absolutamente irrelevante. O cara é considerado ilegítimo por imensa parcela
da população (e É); sua vida romântica não importa. Como ele é um golpista
abominado pela população - até mesmo por quem não gostava de Dilma -, não dá
entrevistas e, assim, esta seria uma oportunidade ímpar para que jornalistas de
verdade pudessem questioná-lo sobre a gravação do "ministro" Jucá no
qual este planeja o golpe; sobre os 23 milhões de caixa 2 depositados na conta
do "ministro" Serra; sobre o cheque de um milhão em seu próprio nome,
e assim por diante. "Ah, mas eles perguntaram sobre o cheque!". Não,
eles TOCARAM NO ASSUNTO, o que é bem diferente. Questionar é fazer perguntas
complementares, apontar as provas que desmentem a resposta e, principalmente,
voltar ao assunto se o entrevistado tenta desviar o foco da conversa.
Em
vez disso, os "jornalistas" (haja aspas pro Brasil de hoje)
preferiram fazer perguntas adolescentes que seriam bem mais apropriadas em uma
matéria de Caras.
Em
segundo lugar, fizeram uma pergunta cuja resposta todos sabem: ele conheceu a
esposa quando tinha 60 anos e ela, filha de um amigo, era menor de idade. O
único propósito da pergunta, portanto, era o de tentar "humanizá-lo".
E quem faz isso não é jornalista, é um Relações-Públicas.
Não
é à toa que, após a entrevista, Temer, o Pequeno, gravou um vídeo no qual
agradeceu pela propaganda. E, sim, ele disse "propaganda". Porque
maior do que a falta de caráter de nossa imprensa é a cara-de-pau de sua
criação.
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