quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Afinal, que Jesus pregam em altares e púlpitos?


Muito se fala do poderio que a religião vem alcançando no Brasil, até mesmo ganhando contornos que são considerados perigosos, principalmente quanto ao fundamentalismo que marca determinadas denominações e líderes. Entretanto, chega a ser contraditório o caminho que muitas igrejas seguem hoje no Brasil com o Evangelho de Jesus Cristo, principalmente no Novo Testamento.
Se observarmos bem o Novo Testamento, Jesus Cristo veio de uma das regiões mais pobres do Oriente Médio, no caso, a Galileia. A cidade onde nasceu – Nazaré – era praticamente uma favela da Galileia. Ele nasceu em uma estrebaria, sem qualquer ostentação. Em sua passagem pela terra, Jesus andou entre pobres e foi perseguido pelos poderosos de então.
A grande mensagem de Jesus era o amor. “Aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor”. Essa expressão foi anunciada pelo apóstolo João para evidenciar o conhecimento a Deus. Ele nos ensina que a expressão de amor, respeito e cuidado para com o próximo é sinal de conhecimento de Deus. Neste sentido, João nos ensina que devemos respeitar as “diferentes” pessoas e culturas, demonstrando o amor acolhedor de Cristo.
Bem diferente do que acontece, por exemplo, no Brasil. Hoje vemos inúmeros líderes religiosos pregando a intolerância da pior forma possível. Vemos um presidente da República pregando a violência e destacando um torturador que assassinou e até mesmo estuprou várias mulheres. Líderes religiosos vivem nababescamente, acumulando fortunas e construindo templos luxuosos. Vários deles cruzam os céus do Brasil a bordo de jatinhos avaliados de US$ 8 milhões a US$ 12 milhões.
E o pior: usam dos mais diferentes artifícios para explorarem a fé alheia e a ignorância da população. Portanto, longe dos ensinamentos de Jesus Cristo. Dietrich Bonhoeffer, no livro “Vida em Comunhão”, diz: “Deus não fez o outro como eu o teria feito, não me deu o irmão para que eu o dominasse, mas para nele encontrar o Criador...”. Deus não deseja que moldemos o outro conforme a imagem que consideramos boa, portanto, a nossa própria imagem.
Em sua liberdade em relação a nós, Deus criou o outro a sua imagem. Sendo assim, jamais poderemos saber como a imagem de Deus aparecerá no outro, pois ela assume sempre formas novas que se baseiam na livre criatividade de Deus. Muitas vezes estas formas de pessoas parecem estranhas a nós. Deus, porém, criou a humanidade à semelhança de Cristo Jesus. Pessoa que na sua encarnação, foi considerada estranha, pois não parecia o Messias esperado, e incompreendido, foi levado à morte.
A questão que se coloca é a seguinte: se Jesus Cristo viesse hoje no Brasil, pregando as mesmas coisas da época em que andou na terra, como seria tratado? Se fosse um morador de rua, por exemplo, em São Paulo, com certeza, a GCM lhe aplicaria jatos de água ou jogaria gás de pimenta em seus olhos para que fosse expulso de determinadas regiões. Se pregasse a necessidade de protegermos os pobres e a necessidade de uma justa divisão de renda, seria incriminado, condenado e colocado em uma cadeia.
Diante disso, é importante que venhamos a amar as pessoas como expressão de amor e fé em Deus. Que o nosso amor seja compreendido como sinal de amor gracioso às pessoas que estão oprimidas por preconceitos e por serem diferentes daquilo que a sociedade taxa como padrão de moral e comportamento.

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