domingo, 27 de janeiro de 2019

O outro crime da Vale


No final do governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, no início deste século, a Vale do Rio Doce foi privatizada por um valor absurdo. Foi entregue para empresários nacionais e internacionais por dinheiro de pinga. Um verdadeiro absurdo. Uma negociata. 
Porém, as agruras da Vale atingiam o povo brasileiro em 2015 quando uma primeira barragem foi rompida, por extrema negligência, sem que os responsáveis fossem punidos. Novamente, no início de 2019, uma nova barragem se rompe, e a informação é de que há mais de 200 desaparecidos, com 37 mortes até agora. 
O rompimento da barragem de Brumadinho ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais - acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos, após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, da qual a Vale é uma das donas, em conjunto com o BHP Billiton. 
A mineradora fechou acordo com o Ministério Público de Minas para o pagamento de indenizações, mas a ação na Justiça Federal ainda não teve julgamento. Tudo indica que a Vale não irá assumir responsabilidades sobre o rompimento. Significa que a Vale, mais uma vez, vai atuar para esconder seu crime, ou seja, criar uma narrativa de que foi um acidente, que esse tipo de coisa acontece, como foi o caso de Mariana, além de construir uma narrativa na imprensa e com as instituições, principalmente os governos. 
A não reparação das vítimas do crime da Samarco, assim como a não responsabilização da empresa, permite que um modelo predatório de mineração continue se expandindo naquela região de Minas Gerais. A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. A forma com que as empresas atuam, especialmente a Vale, no contexto do crime de Mariana, e a forma lenta como a Justiça brasileira atua, cria espaços e oportunidades para mais uma tragédia. 
Tais denúncias partem do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que tem feito críticas constantes em cima da atuação da Justiça em não ter punido os responsáveis por esta tragédia. A impunidade do crime de Mariana permitiu mais uma tragédia anunciada. Em qualquer país do mundo, o presidente da empresa, assim como os principais diretores, estariam presos. 
Entretanto, o que se observa no noticiário é uma ausência total para que os responsáveis sejam levados às barras do tribunal. Ao contrário, quem acompanha os noticiários pela televisão, fica enojado. Os repórteres saem correndo sempre que as sirenes em Brumadinho tocam. Porém, apenas fazem relatos oficiais, e não apuram o que realmente aconteceu. Ou seja, não mostram que a Vale cometeu um crime e ficará impune. 










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