sábado, 1 de fevereiro de 2014

O mistério das 13 almas

Entre 1986 e 1988, no final da faculdade de jornalismo na Unesp de Bauru, fui assistente científico do professor Sidney Asnard, na época professor de Folkcomunicação e doutorando na área pela Faculdade de Belas Artes em São Paulo, onde residia. Ele vinha até a Unesp dar aula na sexta-feira e eu retornava com ele para São Paulo para fazermos a pesquisa de campo no final de semana. Nestes dois anos, tive oportunidade de tomar contato com inúmeras coisas que me deixaram embasbacado. 
Neste dia 1º de fevereiro, quando se completa 40 anos do incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, me lembrei de algo que me deixou estupefato na época, e até hoje chama muito a atenção das pessoas. Neste incêndio, 13 pessoas morreram carbonizados dentro do elevador e nunca foi possível descobrir suas identidades porque em 1974 não havia ainda o exame do DNA. O incêndio provocou a morte de 188 pessoas e deixou outras 300 feridas. 
Por isso, estas 13 pessoas foram enterradas em túmulos próximos um do outro no cemitério São Pedro, na vila Alpina, em São Paulo. Hoje estes túmulos foram transformados em mausoléu e atrai centenas de pessoas. O professor Sidney disse que conversaríamos com o administrador do cemitério São Pedro na época, "o senhor Luiz", sobre tal fato. Fomos em um sábado a tarde de 1987 até o cemitério quando nos encontramos com este administrador que nos contou sobre fatos que vinham acontecendo. Segundo ele, muitas pessoas ouviam choros e gritos desesperados no interior do cemitério. Apesar da procura, nada era encontrado. 
Até que em um determinado dia se descobriu que estes choros e gritos vinham destas 13 sepulturas das pessoas que morreram carbonizadas no interior do elevador no edifício Joelma. Entretanto, tal fenômeno persistia e certa vez um coveiro do cemitério teve uma ideia original. Ele procurou o administrador e em posse de um balde, jogou água sobre os túmulos. E tal fenômeno cessava. Daí, surgia a lenda que as pessoas ali sepultadas, em função do que passaram dentro deste elevador, necessitavam de água para amenizarem o sofrimento que haviam passado. 
Desde então, inúmeras pessoas procuravam o túmulo e faziam promessas. Era possível encontrar junto aos túmulos muletas e agradecimentos por graças alcançadas. Uma curiosidade que chamava a atenção era que sobre os túmulos haviam copos de água. De acordo com o administrador, as pessoas tinham a crença de que a água servia para aliviar o sofrimento das vítimas do incêndio. E daí surgiu o que chamam do mistério das 13 almas. 

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