quinta-feira, 29 de maio de 2014

O assessor de imprensa e a corrupção

Um artigo publicado pelo assessor de imprensa da Prefeitura Municipal de Assis, Kalil Dib, no site "Assiscity" procura mostrar ao leitor que a população não pode misturar o futebol que será praticado pelos atletas brasileiros na Copa do Mundo com um "governo corrupto", em clara mensagem ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT) comandado por Dilma Rousseff. Mesmo respeitando o seu direito à opinião, coisas que os mandatários do PSDB não permitem aos seus "adversários" políticos, entendo que o nobre colega jornalista começa a misturar as estações indo até mesmo a dizer que o "governo quer entronizar a bandeira vermelha com a estrela no centro". É lamentável que alguns jornalistas pensam dessa forma ou mesmo demonstrem tamanho desconhecimento da realidade brasileira. Até entendo ser natural que o jornalista em questão escreva artigos com tal raiva porque ocupa um cargo estratégico que é o de defender um governo do PSDB. Até acho que deveria colocar isso ao leitor quando escreve artigos. Entretanto, disse uma série de inverdades. 
O que o nobre jornalista desconhece - ou não quer ficar sabendo - é que a chamada grande imprensa, partidarizada, há meses dá demonstrações de jogar a favor do fracasso do evento, na ânsia que isso se traduza em resultados eleitorais favoráveis aos partidos políticos alinhados com seus interesses econômicos e corporativos. 
Chegou a apostar que as gigantescas mobilizações populares ocorridas em junho do ano passado se repetissem às vésperas da Copa. Não hesitou em condenar a repressão policial contra as mobilizações populares, desde que essas tivessem o carimbo de ser contra a Copa e o governo federal. Até mesmo as ações violentas contra lojas, revendedoras de carros e bancos foram tratadas, no mínimo, de forma complacente. Aliás, será que há interesses, não desvendados ainda, entre essas mobilizações violentas e o diferenciado tratamento repressivo do Estado e da mídia?
Todas as vezes (poucas vezes!) que o governo federal, em defesa dos interesses do país, ousou enfrentar o poderio da Fifa, encontrou na mídia um forte adversário. A dobradinha revista "Veja" e "Rede Globo" - tantas vezes acionada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira - foi atuante em repercutir uma denúncia claramente forjada, contra Orlando Silva, então ministro dos Esportes. Repetida incessantemente, a farsa provocou a queda do ministro, um desejo manifestado anteriormente pela Fifa. 
Não é mais segredo, por exemplo, a troca de favores e acordos espúrios entre a Rede Globo e os "donos" do futebol brasileiro João Havelange e Ricardo Teixeira. Uma relação tão estreita que o jornalista Amauri Ribeiro Jr. considera Teixeira o quarto filho de Roberto Marinho. 
Um conluio que, certamente, facilitou à Rede Globo sonegar impostos no valor de um bilhão de reais atualizados,  referentes à compra dos direitos da Copa de 2002. Frente a afirmativa que já quitou sua dívida com a Receita Federal, não são poucas as vozes que pedem: mostre o Darf (Documento de Arrecadação da Receita Federal), Rede Globo!
A sandice dessa mídia não tem limites, desde que iniciou sua trilha de partidarizar sua atuação e, claramente, assumir lado nas disputas eleitorais. O escritor e jornalista Antônio Barbosa Filho, em recente artigo, denunciou que chegaram ao cúmulo de "queimar a marca-Brasil", como uma estratégia eleitoral. Para Barbosa Filho, há evidente torcida "para que o Brasil saia derrotado dentro e fora dos gramados. Um caos nas cidades-sede seria de grande proveito para as oposições na campanha eleitoral que se aproxima". 
Colunistas dos jornais patronais, tidos como formadores de opinião, não hesitam em expressar suas expectativas de que um possível fracasso na Copa influencie o resultado das eleições de outubro. Assim, não escondem o quanto torcem para tudo dar errado e, assim, ajudar a emplacar candidatos que representam o arrocho, o neoliberalismo e o entreguismo ao capital internacional. 
Esses colunistas não estão, e nunca estiveram, preocupados com os problemas da Copa e muito menso com os problemas sociais que afetam o povo brasileiro. Fingem defender agora recursos para saúde e educação, quando sempre defenderam a privatização desses serviços. 
São os mesmos que tiraram R$ 40 bilhões da saúde quando forçaram o fim da CPMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira). Sempre ávidos de poder e dinheiro, defendem o arrocho salarial e diminuição do Estado nos gastos sociais. 
Os grandes meios de comunicação enriquecem com as bilionárias verbas publicitárias dos governos e das empresas estatais - quantias inúmeras vezes superiores aos gastos da Copa. Calam-se frente às escandalosas quantias que o governo transfere anualmente aos bancos. 
Por outro lado, exigem cada vez mais gastos com repressão policial e menos com moradia popular, transportes públicos, saúde e educação pública, gratuita e de qualidade. A burguesia brasileira da Copa do Mundo age nada diferente do que já faz há 500 anos: estar contra os interesses do país e do povo brasileiro. 
As lutas populares que ocorrerão durante a Copa, em sua maioria, são justas e necessárias. São diferentes segmentos sociais e populares, historicamente injustiçados e desassistidos de políticas públicas, que aproveitarão o período do evento para ganhar força em suas lutas por direitos e reivindicações justas. Essas manifestações acontecem em todos os países que recebem eventos de repercussão internacional. A atuação dos movimentos populares é exatamente uma demonstração de fortalecimento da democracia de um país. É saudável para a democracia que as bandeiras vermelhas e os rostos sem máscaras voltem a ocupar as ruas. As manifestações populares estiveram sempre presentes nas lutas que promoveram as conquistas econômicas, sociais e políticas que beneficiam o povo brasileiro. 
Já os que se restringem ao slogan "Não vai ter Copa" são tão fugazes quanto a duração do torneio mundial. Ou alguém imagina que continuarão saindo às ruas para fortalecer as lutas em defesa da saúde e educação pública?
Diante disso, o jornalista em questão poderia se informar melhor sobre esta situação envolvendo esta "guerra política" que o setor mais conservador brasileiro, aliado ao baronato da mídia, está desenvolvendo no sentido de boicotar a Copa do Mundo no Brasil. Inclusive, alguns expoentes do jornalismo brasileiro e tucanos de alta plumagem torcem abertamente pela derrota do Brasil. 
Por falar em corrupção, nobre jornalista, só para lembrar: no governo do PSDB, Fernando Henrique Cardoso comprou os deputados por R$ 500 mil para garantir sua reeleição na década de 1990. Isso, sim, é que é corrupção. 

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