Muitas das bocas que
hoje tecem loas à memória do velho combatente Nelson Mandela, morto na última quinta-feira, na África do Sul, são herdeiras históricas daquelas
que, com a CIA e numerosos governos alegadamente democráticos, no passado nem
tão distante, avacalhavam Mandela como subversivo e terrorista.
Margaret Thatcher e
seus discípulos ainda são celebrados como a luz que livrou o Reino Unido das
trevas. Se dependesse de alguns thatcheristas, Mandela não teria nem saído vivo
da cadeia. Na época de Thatcher, circulava no Reino Unido um cartaz com a foto estilizada de Mandela chamando-o de terrorista, entre outros adjetivos. “Enforquem Nelson Mandela e todos os
terroristas do Congresso Nacional Africano [ANC, nas iniciais em inglês]. Eles
são açougueiros.”
A senhora Thatcher também chamou Mandela de
terrorista. O CNA era a organização política anti-apartheid à qual Mandela
pertencia.
Mandela não foi enforcado e conquistou a
liberdade em 1990. De 1994 a 99, presidiu a África do Sul, consagrando o fim do
regime de segregação racial, a despeito da enorme desigualdade social que ainda
persiste. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
No momento em que Mandela, velhinho, está
internado em estado grave aos 94 anos, não custa lembrar que, se dependesse de
alguns estudantes britânicos ditos civilizados, ele estaria morto há muito
tempo.
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